domingo, 9 de março de 2008

Dia 8 de Março 2008


Ontem, dia 8 de Março, assinalou-se o
Dia Internacional da Mulher !
(Nota: as violetas são da minha mãe, uma flor que ela gosta muito. Eu gosto muito das gerberas,em qualquer cor, mas como não tinha imagem de nenhuma, aqui ficam violetas para todas as Mulheres. Além disso o seu perfume é muito agradável.)



Foi também o dia escolhido para realizar, em Lisboa, a maior manifestação de professores de sempre, pelo descontentamento das actuais políticas que a Ministra da Educação quer implementar. Dos quase 150 000 professores que existem no território nacional, 100 000 estiveram lá. Eu não estive lá em físico (nem podia) , mas estive atenta. Sou solidária com todos os meus colegas.
Que venha a Avaliação, não temos medo dela, eu não tenho, mas não nos totais termos que a Ministra pretenda que se implemente. O professor está habituado á avaliação, é avaliado ao longo dos primeiros anos de serviço ( e pontualmente ao longo dos restantes anos de trabalho) e um bom professor autoavalia-se assíduamente, pois do crescimento interior e da avaliação do próprio desempenho e da receptividade da aprendizagem nos seus alunos -tantas vezes é preciso reformular as estratégias!- é que se faz um bom professor! Não! Da Avaliação bem feita eu não tenho receio, mas essa que aí virá não vai ser nada justa... A ver vamos, pois não acredito que a Ministra desista das suas directrizes ,mas ao menos podia redireccioná-las. Não se trata de exigir o despedimento, não penso que isso seja a solução. Ao menos adiar, como já foi pedido, a implementação legal dessas novas directrizes de Avaliação para o próximo Ano Lectivo e apenas colocar agora á prova (neste ano lectivo de 2007/2008) esse modelo de Avaliação. É preciso experimentá-lo, para que os professores se habituem e também para limar arestas que sejam precisas de ser alteradas. Não deveria ser implementado assim, a mais de meio do ano lectivo e já quase no final. O cidadão português em geral sempre foi pouco amigo das mudanças, mas no entanto tem força e vontade bastantes para ultrapassar grandes contrariedades!
Depois desta marca de descontentamento e indignação estabelecida pela classe docente, e ultimamente tão mal vista, acredito que o professor ganhou um pouco mais o respeito que, infelizmente, tem vindo a perder nestes últimos anos .Pelo menos "bateu o pé", usou do princípio constitucional do direito á manifestação. Cem mil cidadãos tem significado!! E quem esteve atento ás reportagens do dia verificou, como eu, que a maioria dos manifestantes era de idade mais considerável, com mais de 15, 20, ou 30 anos de serviço á Educação! Para muitos foi mesmo a primeira vez que entraram numa manifestação!
Mas vamos ver.Vamos ver o que acontece e depois é tirar o melhor partido da situação. Nesta profissão de docente que tenho e quando o assunto inclui política da educação eu sou como S.Tomé : só acredito quando vejo.



Tenho é pena que tenha verificado que ser professor não é aquilo que eu pensava que era quando era pequena; tenho pena que ser professora me tenha obrigado, muitas vezes, a ter estado 10 horas na Escola ( sem contar as que gastava em casa) entre papeladas, justificações, decretos-lei, procedimentos , análises e relatórios em demasia em vez de estar em contacto directo com os alunos nas aulas sobretudo práticas de EVT, em vez de estar a orientar workshops, em vez de me dedicar mais ao Clube temático, em vez de pintar grafittis nas paredes com os alunos se nos apetecesse criar um projecto para isso com alguns alunos mais rebeldes (ao invés de ter de convocar os pais por causa do comportamento mais inadequado, de lhes dar "castigos" e de fazer orientar os alunos para pseudo aulas de ensino especial ou de sessões com a psicóloga, onde simplesmente os especialistas não conseguem ter mãos para todos os "casos"), em vez de...

Gostava que a Escola fosse mais de encontro ao que os alunos querem que a Escola seja e mais de encontro ao que os professores também sabem o que os alunos querem, porque o comprovam diariamente, mas não podem responder aos seus desejos devido a estarem asfixiados por outras exigências.

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